quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Do não vivido...


Havia sim um barulho, mas não era algo encerrado no cartaz que apontava a existência do espaço. Seguimos todos, unidos pela mesma indignação, para além de supostas identidades deterioradas que não nomeavam mais. E ao atravessar o pátio me deparei com olhos escuros, pintados com um preto que não disfarçavam a adesão aos extremos de viver a deriva. Uma menina, mãe, bruxa, mulher, quase Calixto na recusa do que não a completava, mas cria de Hécate, e só por isso minha...por segundos, com aquela tensão que caracteriza o que não podemos deter...

Soube de ti pelo que não podia ficar, nos passos rápidos ao largo da mulher fálica, nas risadas estrepitosas, no que desvendou das minhas supostas certezas erigidas em elocubrações legitimadas...nas explicações acerca dos arquétipos que tangenciavam minha existência, nas características que apontavas ciente de que me traduzia a cada mirada. Soube de mim na doçura com que me olhavas, na surpresa com que nos identificávamos, no desejo contido e no que de impalpável restou da noite, me assombrava a vontade de ficar ao teu lado conversando infinitamente e chocando a humanidade diante do que não podíamos conter pela leveza que caracterizava dois corpos iguais de mãos enlaçadas...Sorri quando me dissestes da cagada mágica, do feitiço adulterado, pedindo pelo que eu pediria...uma filha de hécate cercada das qualidades que mutuamente admirávamos...

Nenhum comentário:

Postar um comentário