"Qualquer dia faço uma loucura, faz nada, você está nessa marcação faz mais de dez anos. Mais de dez anos. A gente se entrega nas menores coisas" CFA
Talvez prenunciando a sua morte, pediu com aquele ar maroto adquirido ultimamente como que para comover os que com ela conviviam.
- Nada, repito nada de flores, só se vocês conseguirem daquelas flores roxas, com uma tonalidade que de tão densa se faz abissal, como essa queda ao infinito que premeditei, não para fazer doer os que amo, mas por pura incapacidade de ser eu, assim, sem residência fixa, sem emprego consistente, com uns poucos amigos que ao me procurar desAguam rios de angústia, mágoas e sonoridades tão-e-sempre-maior-que-as-dores-alheias...E desbocadamente sorriu comentando entre-dentes, mas ora vejam, não li tudo o que gostaria de ter lido, não escrevi sequer uma obra digna de ser publicada postumamente, no entanto, reafirmo (c-o-n-s-c-i-e-n-t-e-m-e-n-t-e) tenho que partir...
Mas havia sua companheira, ah, aquela mulher que de tanto lembrar dela esquecia de si, aquela que quando bem perto a fazia existir de um jeito incrível e ingenuamente completo...Havia sua filha, forte e dada a rompantes, como esses que as adolescentes trazem no peito, arroubos para uma dor soturna que fica a nos rondar, os que passam por ela incólumes, são os capazes, seguramente capazes de matar a mãe e comer o presidente...Essas duas figuras ela não queria magoar, essas duas figuras era queria poupar de todas as dores do mundo...E haviam os outros tantos, aqueles que a amavam sem julgamentos, a todos eles citaria em cartas, deixadas embaixo da caixa vermelha, mesmo que a vida toda temesse as mulheres de vermelho...Mas a pergunta que rondava sua cabeça para além das promessas era tão pueril...Como continuar quando tudo me chama para outro lugar?
- Nada, repito nada de flores, só se vocês conseguirem daquelas flores roxas, com uma tonalidade que de tão densa se faz abissal, como essa queda ao infinito que premeditei, não para fazer doer os que amo, mas por pura incapacidade de ser eu, assim, sem residência fixa, sem emprego consistente, com uns poucos amigos que ao me procurar desAguam rios de angústia, mágoas e sonoridades tão-e-sempre-maior-que-as-dores-alheias...E desbocadamente sorriu comentando entre-dentes, mas ora vejam, não li tudo o que gostaria de ter lido, não escrevi sequer uma obra digna de ser publicada postumamente, no entanto, reafirmo (c-o-n-s-c-i-e-n-t-e-m-e-n-t-e) tenho que partir...
Mas havia sua companheira, ah, aquela mulher que de tanto lembrar dela esquecia de si, aquela que quando bem perto a fazia existir de um jeito incrível e ingenuamente completo...Havia sua filha, forte e dada a rompantes, como esses que as adolescentes trazem no peito, arroubos para uma dor soturna que fica a nos rondar, os que passam por ela incólumes, são os capazes, seguramente capazes de matar a mãe e comer o presidente...Essas duas figuras ela não queria magoar, essas duas figuras era queria poupar de todas as dores do mundo...E haviam os outros tantos, aqueles que a amavam sem julgamentos, a todos eles citaria em cartas, deixadas embaixo da caixa vermelha, mesmo que a vida toda temesse as mulheres de vermelho...Mas a pergunta que rondava sua cabeça para além das promessas era tão pueril...Como continuar quando tudo me chama para outro lugar?
Anne Damásio
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