Sabe. Descobri que o segredo era cartografar todos aqueles dias ímpares que vivemos – não, não me refiro a ímpares no que eles poderiam ter tido de espetaculares, me refiro ao mais óbvio que pode haver - como se num lapso, eu-entidade não identificável conseguisse me ver de dentro de onde estava agora...então resolvo meticulosa e deliberada descrever o que em mim se fez, dor, buraco imundo, refugo de todo o lixo que fomos nós.Continuo a dizer-te-de-ti-e-de-mim. O segredo é cartografar nossa solidão indevassável/compartilhada, como guardador de livros antigos que passei a ser quando me vi nestas paredes caiadas de branco. E fazer dessa obra que pretendo única, porque nunca fui dada às letras – elas que me assaltavam os olhos prendendo-os firme em alguma história da qual não conseguia me desprender – uma cartografia de nós, uma cartografia universal de todos os amores eternos. Mesmo que toda a estirpe dos sócio-alguma-coisa teimem em apontar as tais si-gu-la-ri-da-des(...)
Fotografia: eugeny Kozhevnikov
Cartografar a solidão... em mapas sem lugares ou pessoas... e assim está só... só em um silêncio inquietante, mas necessário...
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