Compus cápsulas imaginárias para te reter, mesmo ciente da tua “natureza” efêmera e escorregadia...Forjei meu corpo em delírios de permanência, sulcando cada pedaço que você inadvertidamente tocara para nunca esquecer das emoções causadas, e fui retendo as palavras ditas, compondo uma vida in-vivida, atenta aos momentos em que você se fazia real – porque palpável .
Fiz-te minha para além da tua “essência” efêmera que me angustia, guardando esses pequenos nadas como se fossem tudo que você poderia me dar. Ciente dos teus descaminhos fiz-me estrada, inteira, sem percalços...
E no entanto, ontem passei a acalentar a aflição de ter te perdido sem nunca ter te tido. Sensação clara que entorpeceu minha noite resultando num hoje anestesiado pelo teu abandono. E finalmente contive o desejo de futuro que imaginei ao seu lado. Então adormeci e ao acordar já era hoje e tu não existias mais aqui/em mim...
Anne Damásio
lindo adorei..
ResponderExcluirNão se perde o que não tem!É isso aí.
ResponderExcluirProfundo e lindo como tudo que leio por aqui.
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