segunda-feira, 19 de abril de 2010

Tentativas vãs de prender o que voa...



Compus cápsulas imaginárias para te reter, mesmo ciente da tua “natureza” efêmera e escorregadia...Forjei meu corpo em delírios de permanência, sulcando cada pedaço que você inadvertidamente tocara para nunca esquecer das emoções causadas, e fui retendo as palavras ditas, compondo uma vida in-vivida, atenta aos momentos em que você se fazia real – porque palpável .

Fiz-te minha para além da tua “essência” efêmera que me angustia, guardando esses pequenos nadas como se fossem tudo que você poderia me dar. Ciente dos teus descaminhos fiz-me estrada, inteira, sem percalços...

E no entanto, ontem passei a acalentar a aflição de ter te perdido sem nunca ter te tido. Sensação clara que entorpeceu minha noite resultando num hoje anestesiado pelo teu abandono. E finalmente contive o desejo de futuro que imaginei ao seu lado. Então adormeci e ao acordar já era hoje e tu não existias mais aqui/em mim...

Anne Damásio

3 comentários: